A Peninsula

Saturday, November 04, 2006

COMO UM RAIO

O que fazer? Para onde ir?
Uma coisa define a outra? Tipo o que veio antes, o ovo ou a galinha?
O que fazer depende de para onde vou? Às vezes.
Se quero ver lobos marinhos, posso ir prá minha cidade. Baleias? Santa Catarina. O fundo do mar? Abrolhos.
A mim mesma? O tipo de animal que sou se encontra aonde?
Mas seu eu não quiser ver nada, ou ter tanta coisa à frente dos olhos que tudo e nada se tornam um só? Pode ser São Paulo? Ou até mesmo Rio de Janeiro, com sua mistura de natureza, horizonte, suor e perigos, os que quero viver ou dos quais quero fugir?
E onde não vejo coisa alguma, onde estou eu? Bons momentos nos quais me esqueço. Ou me escondo?
Quando a vida se encarregou de decidir sozinha onde eu deveria estar, e me tirou a autoridade de fazer o que eu resolvesse, eu estava lá ou não?
Certa vez, num desses momentos em que não optei, cheguei em Ceres, cidadezinha do interior de Goiás. Acompanhava uma banda que eu não teria escolhido, num lugar que eu não sabia existir, para fazer algo que não era o que me movia. Mas precisava fazê-lo.
A cidade tampouco sabia de mim. Tanto que tiveram que retirar objetos de uma pequena despensa, onde colocaram um colchão que seria minha cama por uma noite.
Estávamos num arremedo das feiras que abundam no interior paulista. Anônima, não existente, decidi me aventurar na transformação da mulher gorila. Adentrei a sala escura com um dos músicos. Tudo tão fake que me permitiria a brincadeira.
Então ela surgiu, feia, esquisita, mambembe. Show de luzes. Show?
Começou a transformação. Nesse momento, o eu que até então não havia chegado à cidade apareceu, correndo pelo parque vazio. A pequena Ceres se perguntava quem era aquela louca que fugira de um lugar que não existia no mapa.

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