A Peninsula

Saturday, May 10, 2008

7. MERGULHO OU VÔO! Reflexões Sobre a Comunicação

No MSN:
Clarisse diz:oi tens uns minutinhos?
Joao diz:yes.
Clarisse diz:tô começando a feitura do texto.
A carpintaria, como se diz no teatro, mas fico um pouco confusa com o foco.
Ler teu texto sobre a descoberta da saudade me trouxe algumas questões tb.
Ali tens bastante informação, sem ser demais
E não perdes o foco, q são as descobertas do Felipe.
Eu tenho mto material e ainda estou um pouco confusa com o foco, pois talvez sejam dois.
Bem geminiana!
Joao diz:vai falando, falando e você acaba descobrindo.
Clarisse diz:a primeira idéia era falar sobre o time de futebol mais antigo do Brasil, passou para ser entender como o futebol, estrangeiro, se tornou a cara do Brasil.
Aí cheguei no movimento antropófago e a vontade de relacionar os dois.
Joao diz: quando estou com muita coisa o que eu faço é o seguinte:
Faço um título que resuma bem o espírito do texto.
E depois faço um olho, que introduz o leitor no texto, que também tem que ser um resumo do que eu quero dizer de essencial com o texto.
Aí começo o texto propriamente dito sem perder de vista o título e o olho.
Pense em um foco só.
E depois o texto vai pedindo (ou não) as outras coisas.

*******

Ao instrumental teórico e prático recebido durante a Pós Graduação em Jornalismo Literário, somo os conselhos de Ítalo Calvino, em suas seis propostas para o milênio que estamos vivendo. Servem tanto para o escrever, quanto para nossas relações em época de agitação. E todas o são, em algum ponto.
Leveza. “A leveza para mim está associada à precisão e à determinação, nunca ao que é vago ou aleatório”.
Rapidez. “A narrativa é um cavalo: um meio de transporte cujo tipo de andadura, trote ou galope, depende do percurso a ser executado, embora a velocidade de que se fala aqui seja uma velocidade mental”.
Exatidão. “Para mim, quer dizer três coisas: 1) um projeto de obra bem definido e calculado; 2) a evocação de imagens visuais nítidas, incisivas, memoráveis; 3) uma linguagem que seja a mais precisa possível como léxico e em sua capacidade de traduzir as nuanças do pensamento e da imaginação”.
Visibilidade. “... diversos elementos concorrem para formar a parte visual da imaginação literária: a observação direta do mundo real, a transformação fantasmática e onírica, o mundo figurativo transmitido pela cultura em seus vários níveis, e um processo de abstração, condensação e interiorização da experiência sensível, de importância decisiva tanto na visualização quanto na verbalização do pensamento”.
Multiplicidade. “Mesmo que a ciência tivesse reconhecido oficialmente o princípio de que o observador intervém para modificar de alguma forma o fenômeno observado, (Gadda) sabia que ‘conhecer é inserir algo no real; é, portanto, deformar o real”.
A sexta proposta, Consistência, Calvino morreu sem escrever, deixando apenas o título. Como se nos dissesse: agora é com vocês, escrevam!
Nova etapa, novos caminhos a desbravar. Encantamentos e dores a perceber no mundo e descobrir como lhes dar voz.
Mergulho e Vôo!O guia? Pode ser o fantasminha amarelo de Pedrinho. A realidade também deixa marcas por onde passa.

1 Comments:

Blogger Norma Lima said...

Ítalo Calvino? É raro ter, sobre ele, um comentário tão pertinente. Parabéns.

4:45 PM  

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